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Taxa marginal: o que os profissionais precisam de saber sobre a nova retenção na fonte

Taxa marginal: o que os profissionais precisam de saber sobre a nova retenção na fonte

A introdução da taxa marginal no cálculo da retenção na fonte do IRS em Portugal representa uma mudança com impacto direto na forma como trabalhadores e empresas gerem a sua fiscalidade. Este novo modelo, que se tornou mais relevante em 2025, não é apenas uma alteração técnica: é uma evolução na forma como se tributa de forma justa, progressiva e previsível.
Neste artigo, vamos aprofundar o conceito de taxa marginal, como se aplica no contexto da retenção na fonte e o que os profissionais e gestores devem saber para garantir uma gestão eficaz dos rendimentos e das obrigações fiscais.

O que é a taxa marginal?

A taxa marginal corresponde à percentagem de imposto aplicada ao último escalão do rendimento tributável. Num sistema progressivo como o IRS, o rendimento de um contribuinte é dividido em escalões, com cada um sujeito a uma taxa específica. A taxa marginal é, por isso, a taxa mais elevada aplicável ao rendimento mensal de um determinado contribuinte.
Antes da introdução deste modelo, a retenção na fonte baseava-se em taxas fixas pouco ajustadas à realidade de cada trabalhador. Com a taxa marginal, o cálculo torna-se mais preciso e personalizável, refletindo com mais exatidão o imposto efetivamente devido.

Como se aplica a taxa marginal no cálculo da retenção?

A retenção mensal passou a ser calculada com base na seguinte fórmula:
Retenção = (Remuneração mensal x Taxa marginal) – Parcela a abater – (Parcela por dependente x n.º de dependentes)

Esta abordagem, aplicada desde 2023 mas consolidada em 2025, permite um maior alinhamento entre o imposto retido mensalmente e o imposto a pagar no final do ano, reduzindo assim as situações de reembolsos elevados ou pagamentos inesperados.

Implicações da taxa marginal para profissionais e empresas

Para profissionais

  • Planeamento financeiro pessoal: conhecer a taxa marginal aplicável ao seu rendimento permite antecipar com maior rigor o rendimento líquido mensal.
  • Gestão de aumentos salariais: com este modelo, evita-se o “efeito escalão”, em que um aumento salarial podia levar a uma retenção desproporcionada.
  • Segurança na tomada de decisões: a previsibilidade do valor retido permite melhor controlo sobre despesas e investimentos pessoais.

Para empresas

  • Cálculo automatizado e fiável: softwares de gestão atualizados devem estar preparados para aplicar corretamente a taxa marginal em função das tabelas em vigor.
  • Redução de erros nos processamentos salariais: o modelo reduz falhas que anteriormente resultavam de aplicação manual de taxas.
  • Transparência com os colaboradores: os departamentos de recursos humanos podem comunicar de forma mais clara o impacto fiscal no vencimento de cada trabalhador.

Exemplo prático com taxa marginal

Imagine um trabalhador residente no continente, solteiro, com dois dependentes e uma remuneração mensal de 1.500€. Segundo as tabelas de 2025:

  • Taxa marginal: 25%
  • Parcela a abater: 188,90€
  • Parcela adicional por dependente: 34,29€

Retenção = (1.500 x 0,25) – 188,90 – (2 x 34,29) = 375 – 188,90 – 68,58 = 117,52€

Com este modelo, o valor retido mensalmente reflete de forma mais justa o imposto devido.

A relação com a taxa efetiva

É importante distinguir a taxa marginal da taxa efetiva. Enquanto a taxa marginal se aplica à última parte do rendimento, a taxa efetiva resulta da média ponderada das taxas aplicadas em cada escalão. A taxa efetiva é, portanto, mais baixa do que a taxa marginal e representa a carga fiscal global.
Este modelo permite, nas tabelas de retenção, visualizar a taxa efetiva mensal que será aplicada, oferecendo ao trabalhador uma melhor compreensão da sua situação fiscal.

Recomendações práticas

  • Verifique se os dados pessoais estão atualizados junto da sua entidade patronal (estado civil, número de dependentes, etc.).
  • Utilize simuladores oficiais para calcular o valor mensal de retenção com base na taxa marginal.
  • Confirme se o software de gestão da empresa está atualizado com as novas tabelas de retenção.
  • Promova formação interna nas equipas de RH sobre as alterações no sistema de retenção e aplicação da taxa marginal.

O papel das empresas na transição para o novo modelo de retenção

A implementação da taxa marginal em 2025 exige uma adaptação não só por parte dos contribuintes, mas também das empresas, que têm a responsabilidade de aplicar corretamente as novas tabelas de retenção. É crucial que os departamentos de recursos humanos e contabilidade estejam atualizados e que o software de processamento salarial esteja devidamente parametrizado para refletir as taxas em vigor, as parcelas a abater e as condições familiares de cada colaborador.

Além disso, cabe às empresas comunicarem com clareza estas alterações às suas equipas, garantindo que os colaboradores compreendem as variações nos seus recibos de vencimento e como estas se relacionam com a sua situação fiscal individual. Isto não só reforça a transparência organizacional como também contribui para a literacia financeira dos trabalhadores, que muitas vezes desconhecem como funciona a retenção na fonte.

Organizações que investem em literacia fiscal interna não só cumprem as obrigações legais como também fortalecem a confiança e o bem-estar financeiro dos seus colaboradores. Isto traduz-se em maior satisfação e produtividade no local de trabalho.

Considerações finais

A taxa marginal veio introduzir maior justiça, previsibilidade e rigor ao sistema de retenção na fonte em Portugal. Para os profissionais, representa uma forma mais transparente de gerir os seus rendimentos. Para as empresas, é uma oportunidade de modernizar os seus processos e reduzir erros.
Num contexto de evolução fiscal constante, dominar o funcionamento da taxa marginal é uma mais-valia para qualquer pessoa que lide com processamento salarial, contabilidade ou planeamento financeiro.

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